
Por Lázaro Lamberth, Daiane Nascimento e Kamilla Aranha.
O Indicação da Semana desta vez vai para o livro "Na toca dos Leões". De nome sugestivo, o livro foi escrito pelo jornalista Fernando Morais. A narrativa — construída a partir de relatos dos sócios, de amigos e do próprio Fernando — conta a história da agência de propaganda W/Brasil, a agência de propaganda mais premiada do país e uma das mais respeitadas e conhecidas do mundo. Com singular habilidade, Morais relata os percalços e peripécias vividas pelos donos da W/Brasil, Wasghinton Olivetto, Javier Llussá e Gabriel Zellmeister e como eles se tornaram referência na história da publicidade nacional e internacional.
O autor conta de forma detalhada, mas não cansativa, a história dos três sócios que se confunde com a da publicidade nacional. A chegada da família de Gabriel e Javier ao Brasil; a formação universitária; a entrada no ramo da publicidade; quando se conheceram; como ficaram amigos e, principalmente, de que modo se deu a sociedade que originou a W/Brasil. Transitam também entre os capítulos muitas celebridades como Paulo Maluf, Vinicius de Morais, Abraham Kasinski, Fernanda Montenegro e até o dono da Microsoft, o bilionário Bill Gates, além de muitos anônimos.
O primeiro a ter sua vida relatada é Washington Olivetto. Único formado em publicidade, Olivetto foi inserido no mundo publicitário por um pneu furado. Desde então não parou mais. Com talento e muita ousadia, transformou o modo de fazer publicidade no Brasil e granjeou a fama como mera conseqüência. Washington adora os holofotes e, diferente dos demais publicitários, faz sempre questão de apresentar suas campanhas. Tamanha eficiência veio acompanhada de sucesso, reconhecimento e propostas milionárias de emprego, atraindo a cobiça de bandidos estrangeiros que o seqüestraram em 11 de dezembro de 2001.
Gabriel Zellmeister e Javier Llussá têm histórias bem parecidas. Ambas as famílias vieram para o Brasil em decorrência de fugas de guerras: a primeira da Alemanha Nazista e a segunda, da Guerra Civil Espanhola. Suas famílias passaram por momentos críticos. Gabriel perdeu o pai em um acidente de carro e o irmão na guerra entre árabes e judeus. Javier teve de trabalhar na construção civil. Mas apesar de todas as dificuldades, venceram se transformaram em grandes profissionais. Llussá saiu da categoria de operário para empresário dono da fábrica de sorvetes Gelato, que viria a disputar a com Kibon o mercado nacional de sovertes. Zellmeister em pouco tempo se transformou em um dos diretores de arte mais requisitados e premiados do Brasil. Foi o responsável por grandes inovações tecnológicas no setor publicitário, como, por exemplo, a primeira campanha feita em computador e o outdoor de 32 folhas.
No ano de 1986 surgia o espectro da W/Brasil. Olivetto, Llussá e Zellmeister se juntaram na W/GGK que viria a se transformar em W/Brasil posteriormente. O dia 8 de julho de 1986 seria um divisor de águas da comunicação publicitária do país. Às 9 horas da manha Roberto Duailibi, dono da DPZ receberia, sem muita explicação, a noticia da saída de seu profissional mais requisitado. À tarde o Brasil saberia da saída de Olivetto da DPZ e os motivos da mesma. — "Acabo de me demitir da DPZ, a partir de hoje, sou presidente e diretor de arte da W/GGK, empresa da qual passo a controlar 50% do capital", anunciou Washington de modo curto e grosso.
A saída de Washington veio acompanhada de uma enorme peregrinação em busca de clientes para GGK. A imprensa acompanhou de perto e não se negou a dar palpite e colocar lenha na fogueira. A DPZ sacudiu com a possibilidade de perder as contas dos seus maiores clientes: Itaú; Nestlé; Grendene e Bombril. A Grendene e Bombril não fizeram cerimônia e mudaram de lado. O bate-boca prosseguia e a as contas da W/GGK aumentavam a cada dia. Em seis meses a agência já era a eleita “Agência do Ano”. Nem a crise econômica que estremeceu o Brasil, no governo Collor, foi páreo para a habilidade administrativa de Llussá, a criatividade de Olivetto e sua equipe e a mão firme de Zellmeister na direção de arte.
Fernando termina o livro contando a dramática história do seqüestro de Washington e como foi o período em que ficou em cativeiro. O sofrimento da família, dos amigos, o trabalho dos policiais e da imprensa. Esta teve um comportamento bastante peculiar, não publicou notícias especulativas como de costume. O pedido partiu dos sócios, afim de não atrapalhar as investigações e negociações. Com duração de quase dois meses, o seqüestro teve um desfecho inusitado. Washington foi liberto sem precisar pagar o resgate. O publicitário ao ver o policial com a arma em punho, disse: "Abaixa esse negócio, meu! Sou Washington Olivetto, corintiano".
O livro de 495 páginas, publicado pela Ed. Planeta, 2005, é bastante ilustrado. São inúmeras fotos dos publicitários, de seus familiares e amigos. As campanhas mais famosas também dão vida a diversas páginas. Aliado a isso as narrativas de algumas campanhas dão ao leitor a possibilidade de mergulhar no fascinante mundo da publicidade. Além do mais, sendo o livro destinado a profissionais e estudantes de comunicação, em especial os publicitários, deixa bem claro que a publicidade não é feita apenas de glamour. Desde o início fica evidente que boas idéias não bastam para ser um bom publicitário e fazer boas campanhas. Dedicação, esforço e seriedade são fundamentais, talvez até mais importantes. Além de mostrar que a propaganda tem um lado social, para os que a considera fútil e meramente comercial.A habilidade de Morais com as palavras é admirável! Mais do que falar de uma agência e de seus donos, ele relata a evolução e os tempos áureos da comunicação brasileira.

Um comentário:
mto boa indicação
estou fazendo um trabalho sobre a w brasil
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