quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Que Tropa! E que Elite!


Por Victoriano Garrido Filho

Finalmente fui assistir ao badalado filme nacional Tropa de Elite. Resisti orgulhoso à tentação da pirataria, uma "inocente" contravenção que causa prejuízos incalculáveis a nossa economia e aos direitos autorais. Como autor de livro, sei o que representa quando um “inocente” aluno tira cópia ou disponibiliza os originais na internet. Também como apaixonado por cinema, sou daqueles que acham que nada substitui o prazer de assistir o filme na telona, no ambiente mágico de uma sala de projeção.

Primeiro o filme traz um retrato nu e cru da nossa Tropa. A corrupção que está presente dentro de parte da policia, que eles chamam de banda podre. Claro que temos policiais honestíssimos e no filme existem belos exemplos. Também sabemos que a corrupção está presente em todos os segmentos, embora temos que concordar que na policia ela se torna mais dramática pelo seu oficio de nos proteger e onde temos contato, na maioria das vezes, nas nossas horas de mais aflição e desespero. Ninguém vai a uma delegacia matar o tempo ou bater papo.

Em algumas cenas vemos como pode a corrupção não ter limites, como na cena que um sargento pede propina a um soldado para marcar suas férias, ou em algumas cenas tragicamente "hilárias", quando soldados ficam transferindo cadáveres de uma área de um batalhão para outro, como forma de driblar as estatísticas. A velha tática de colocar o termômetro na geladeira para esconder a febre.
Vemos também a ética sob a ótica do capitão Nascimento, magistralmente interpretado pelo ator baiano Wagner Moura, difícil acreditar que ele não era um policial de verdade. Wagner interpreta um policial determinado, que acha que os fins justificam os meios e tem a clara noção que bandido é bandido. No filme, vemos as pessoas torcendo por ele, transformando-o em herói, talvez o retrato mais fiel da falta de confiança das pessoas nas instituições. Um verdadeiro justiceiro da lei, botando ordem no pedaço.

Agora talvez o maior mérito do filme seja desmascarar a nossa Elite. Nele vemos claramente que o maior vilão desta história e muitas vezes um vilão oculto, é a parte da nossa sociedade que consome drogas. Vocês já pararam para pensar se os traficantes não tivessem clientes? Aconteceria como em qualquer negócio. Iriam à falência levando consigo os policiais corruptos, vendedores clandestinos de armas e os grandes traficantes que estão no caso específico do Rio, muito mais na Vieira Souto que nos morros. Levaria também boa parte da violência que vitima a sociedade hoje em dia. E ai reside a grande contradição mostrada pelo filme. A sociedade é vítima de algo causado por parte desta mesma sociedade. A passagem do filme em que jovens, muitos deles consumidores de drogas, fazem passeata pela paz e contra a violência que eles próprios sustentam, é genial. Ali o rei fica nu.

Mas definitivamente, o filme é a cara do nosso País. Um Pais de decisões mágicas e soluções imediatistas. Que faz então surgir contra a TROPA e contra a ELITE, uma tropa de elite, conduzida por um Salvador da Pátria que vai nos libertar e nos conduzir ao paraíso. Que os tiros de tropa de elite, acordem o Brasil e faça a gente entender que só com investimento em educação, deixaremos de ser um País de grades e milícias, dividindo os que não comem e os que não dormem com medo dos que não comem, como diz um velho adágio popular.



Uma colaboração de Josilene Passos

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Neste blog você encontrará um pequeno acervo dos trabalhos e textos que desenvolvi para algumas disciplinas do curso de Jornalismo, bem como comentários, críticas e reflexões sobre assuntos da atualidade. Seja bem vindo!

Porque Lamberth

As pessoas me perguntam o porquê do sobrenome Lamberth, uma vez que o mesmo não integra o meu nome oficial, Lázaro Britto dos Santos. Pois bem, Lamberth surgiu da brincadeira de uma amiga que, por gozação, só me chamava de Lázaro Lamberth. A brincadeira pegou, a sonoridade combinou e em decorrência, fiquei mais conhecido pelo sobrenome Lamberth do que Britto. Além disso, adotei o Lamberth devido ao enorme carinho que tenho pela madrinha do mesmo.

Indicação da Semana

"A Nova Mídia", de Wilson Dizard. Vale a pena!!!

Devo mudar o nome do meu blogger?


Um Pedaço de Mim

UM PEDAÇO DE MIM é uma Biografia de Auto-ajuda com 127 páginas que escrevi em 2003 sobre minha experiência na luta contra um tumor maligno no joelho. Na época, fui operado e tratado no Hospital Aristides Maltez (de Salvador-Bahia), pelos médicos Alexandre Machado Andrade (especializado em Ortopedia Oncológica) e Maria Giselda N. Rocha (especializada em Oncologia Clínica). Hoje, após anos de lutas e vitórias, encontro-me curado e meu interesse em passar para o papel minha experiência foi pelo simples desejo de usá-la para orientar e encorajar outros que estejam lutando contra o câncer.

Veja o release da obra abaixo:


Por Neuza Leite

Um Pedaço de Mim é um livro simples, de autoria amadora e produção independente. Conta a história de um jovem que, aos 19 anos, descobriu um tumor ósseo no joelho. A obra mostra de forma clara e realista que a vitória sobre o câncer ainda é algo imprevisível, pois, ainda existem algumas formas da doença em que bem pouco pode ser feito, apesar do grande avanço da medicina em diagnosticar e tratar o paciente.

Por outro lado, quando se trata de nossa vida, toda e qualquer batalha sempre vale a pena! Esse senso de valorização pelo que de direito é nosso, é justamente o que o autor procura passar para seus leitores – e de certo modo – ele atingiu seu objetivo, pois seu livro ensina-nos de forma ímpar e magistral, como amadurecer com as adversidades, a enfrentar as perdas, as deficiências e os contratempos que uma enfermidade nos apresenta.

Um Pedaço de Mim revela-nos seus métodos utilizados no combate à doença, bem como o que ele sugere de natural, espiritual e psicológico a uma pessoa que esteja lutando ou auxiliando "entes queridos" na luta contra esta implacável doença. O livro é composto também de cinco anexos que relatam um breve histórico do câncer; como surge, principais tipos, causas, fatores de risco, prevenção e formas de tratamento médico e psicológico aos pacientes afligidos pela doença.
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